
O sonho de uma televisão regional




Em 1986 com o aparecimento das rádios locais e posterior legalização, pareceu-nos ter chegado o momento propicio para lançar um projecto de TV Local.
A privatização da Televisão era um assunto mais complicado e ninguém sabia muito bem como viria a ser o padrão de Tv´s públicas e privadas.
Aproveitando o vazio legal surgiram várias TV´s locais e mais tarde os chamados retransmissores instalados pelas Autarquias.
Os avanços tecnológicos permitiram então a construção de emissores simples, que colocados em pontos estratégicos arrebatavam audiências de fazer inveja à Televisão Portuguesa (RTP canal 1 e 2).




Depois de elaborarmos um projecto inicial e de reunido um enorme potencial humano, a Sul TV iniciou as suas emissões diárias ininterruptamente durante quatro meses e meio.
O estúdio era na Cooperativa Almadense e a programação variada incluía entrevistas em directo, reportagens do exterior, programas para crianças, Music Box gravado via satélite e claro filmes, muitos filmes.
Muito antes da RTP, já tínhamos emissões diárias com horário compreendido entre as 15h e as 2 da manhã, e chegámos a estar no ar 3 dias seguidos.
Atingimos uma média diária de dez mil espectadores, muitos dos quais esperavam horas com o televisor ligado, só para ver o início da nossa emissão.









Em Setembro de 1986, recebemos a visita da Direcção Geral de Telecomunicações que procedeu à apreensão do emissor.
Na altura estávamos a emitir o filme Sanção e Dalila e simultaneamente gravava-mos em estúdio uma entrevista sobre o Cesário Verde.
Respeitosamente solicitámos ao inspector da DGT autorização para avisar os nossos telespectadores que a emissão iria ser interrompida, mas nem ele nem os cerca de 50 polícias que cercavam as instalações concordaram com o nosso pedido.
O emissor foi levado, mas não a nossa vontade, tanto mais que logo de seguida construímos um outro mais sofisticado e mudámos de local de emissão desta vez para uma casa junto ao Cristo Rei.
Uma vez que o documento da apreensão do emissor referia que éramos uma estação não licenciada a emitir com programação própria, requeremos à Assembleia da Republica o nosso licenciamento e fomos recebidos pelo então Presidente da Comissão Parlamentar para a TV Privada, o deputado Abel Gomes de Almeida, que nos prometeu que o assunto iria ser estudado. Assim, apesar de termos um novo estúdio e um novo equipamento, não voltamos a emitir regularmente para não comprometer quem nos quisesse ajudar no Parlamento.


Embora sem emissões regulares, a nossa actividade continuou, com a criação do Centro Nova Informação, onde cerca de 30 Jovens diariamente recolhiam informação do distrito de Setúbal e disponibilizavam-na para os meios de comunicação social locais.
Em 1988, apresentámos a um organismo de apoio a Empresas de Inovação com sede nas antigas instalações da Lisnave, um projecto de enviou e recepção de imagens via telefone.
A Telepac e a comutação por pacotes tinha iniciado a sua actividade, e nós tínhamos algum conhecimento da computação on-line. Depois de elaborado devidamente por um economista, o projecto foi entregue na referida entidade a qual o viria a rejeitar alegando que “enviar imagens pelo telefone era impossível “.


















