2001 – Almada Grupo de cidadãos contra o anteprojecto do MST volta à carga

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2001 outubro

Metro Sul do Tejo à espera de Bruxelas

O Metro Sul do Tejo (MST) poderá ser chamado à discussão durante a campanha eleitoral em Almada. O grupo de cidadãos que desde a fase de consulta pública tem manifestado o seu desacordo quanto ao traçado escolhido para este meio de transporte promete colocar um conjunto de questões em cima da mesa: situações que vão desde problemas de trânsito, segurança, relações de vizinhança e mudança de centralidade da cidade. Mas a Autarquia almadense está descansada e confia que as opções encontradas são as melhores.
O grupo de cidadãos residentes no centro urbano de Almada não quer o MST a cruzar as artérias principais da cidade. Desde a fase de consulta pública que contestam o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) e já fizeram chegar o seu protesto ao presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi. “O processo do MST tem sido conduzido de forma errada e com muita falta de transparência”, afirma Almerinda Teixeira, deste grupo de cidadãos. Já com a resposta de Bruxelas a indicar que os serviços da Comissão Europeia estão a analisar os factos alegados, à luz das normas comunitárias eventualmente aplicáveis nesta matéria, este grupo, contestatário do anteprojecto do MST, ganhou novo alento e espera a todo o momento que a Comissão se pronuncie. “Estou confiante de que nos será dada razão”, comenta a munícipe. No documento de 11 páginas que o grupo de cidadãos de Almada enviou para Bruxelas, uma das queixas vai para o processo como decorreu a consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental. Segundo argumentam, este estudo foi realizado “cinco anos antes da consulta pública”; assim sendo, “estava desactualizado”. Contestam ainda que o período de consulta pública tenha decorrido durante a época estival de 2000, “uma altura em que muita gente estava de férias”, o que só pode ser visto como uma “estratégia para que ninguém levantasse questões”. Mais flagrante, dizem, é que “ainda a consulta pública estava a decorrer quando foi lançado o concurso para a construção e exploração do MST”, refere Almerinda Teixeira. Para além destas questões processuais, este grupo de cidadãos não aceita que o MST cruze as principais vias de Almada, caso da Avenida 25 de Abril, Afonso Henriques e Nuno Álvares Pereira. Alega a porta-voz do movimento contestatário que o trânsito dentro da cidade ficará “bastante congestionado”, as relações de vizinhança “vão perder-se”, para além dos “problemas de segurança, com as pessoas a atravessarem a linha do Metro”.
Orçamento do Estado conta com MST
Perante tudo isto, Almerinda Teixeira afirma que o comércio do centro da cidade “ficará fortemente prejudicado”. Geóloga de profissão, garante que tudo aponta para se verifique “uma deslocação da centralidade de Almada”. Com o MST a cruzar a cidade passando pela estação do comboio no Pragal, para prosseguir pela zona do Centro Sul em direcção a Corroios, Almerinda Teixeira prevê que o grande movimento da cidade mude para os lados do Centro Sul, local onde está a ser construído um dos maiores centros comerciais da Europa, o Fórum 2000. Uma previsão que não colhe o acordo do presidente da Assembleia Municipal de Almada. José Manuel Maia considera que o MST não só “vai melhorar a circulação dentro da cidade como o tecido urbano passará a ter mais qualidade”, realça, apontando as “zonas pedonais que serão criadas”. Sem dúvidas de que o traçado escolhido “foi o melhor em função das pessoas e da cidade”, o eleito rejeita a hipótese do MST contribuir para o congestionamento da cidade. Em favor desta tese, aponta os corredores laterais por onde irão passar os automóveis e os parques de estacionamento a serem construídos. Aliás, os locais de estacionamento “já estão a ser acautelados”, afirma. Um deles será num espaço recentemente adquirido pela Câmara, junto à Escola Secundária Elias Garcia. Apesar dos argumentos da Autarquia, este grupo de cidadãos não aceita o anteprojecto do MST. Almerinda Teixeira sustenta: “não foram ponderadas todas as hipóteses”, uma delas é a possibilidade deste transporte, em alguns pontos do seu percurso, ser “subterrâneo ou aéreo”, o que, na sua opinião, evitaria alguns contratempos. Com efeito, na Rua Conceição Sameiro Antunes, garantem os cidadãos, as carruagens do Metro vão passar a 80 centímetros dos prédios. O que poderá ser aproveitado, pelos mais radicais, para “apanhar o metro em andamento”… Enquanto estes cidadãos aguardam que a Comissão Europeia se pronuncie a seu favor – “não estamos contra o MST, mas contra o traçado”, reafirma Almerinda Teixeira – José Manuel Maia confia que o projecto vai avançar como está. É que, para além dos investimentos já feitos, “está quase a definir-se o vencedor do concurso do MST”, comenta. Outra garantia vem do Orçamento de Estado para 2002. Está prevista uma verba até ao montante de um milhão de contos (498 798 euros), inscrita no orçamento do Ministério do Equipamento, a transferir para a empresa a constituir, que irá executar a rede do MST. Verba destinada ao financiamento de estudos, projectos e infra-estruturas de longa duração do sistema deste transporte.
Fonte…. Jornal da REgião

Gabriel Quaresma

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