A «Outra Banda», apoiou o derrube do fascismo
«Vivemos momentos de grande importância política no país! O regime fascista que há cerca de 48 anos nos oprimia, chegou ao fim derrubado pelo corajoso Movimento das Forças Armadas!»- assim começa o comunicado que o Movimento Democrático do Distrito de Setúbal, com sede no Barreiro, distribuiu ontem à população da «Outra Banda». O comunicado prossegue: «O Movimento Democrático do Distrito de Setúbal não pode deixar de manifestar a sua adesão ao derrube do regime contra o qual tem vindo a lutar desde sempre, e que se caracterizava por defesa intransigente dos interesses dos monopólios com o consequente agravamento das condições de vida do Povo Português, traduzido pelo aumento galopante dos preços e pelo congelamento dos salários; manutenção de uma guerra contra os povos das colónias, onde milhares de jovens deixaram a sua vida e para cuja continuação a nação é obrigada a despender perto de 50% das receitas do Estado em único e exclusivo interesse dos monopólios nacionais e estrangeiros; impedimento das mais elementares liberdades políticas e sindicais que se traduziram ao longo destes 48 anos em prisões, torturas e assassinatos de milhões de portugueses empenhados na luta pelas liberdades democráticas; e servil submissão ao imperialismo estrangeiro, explorador das riquezas da Nação».
O Comunicado, destacando os objectivos do Movimento das Forças Armadas, solidarizando-se com eles, termina pedindo à população que se mantenha atenta ao desenrolar dos acontecimentos e que reforce a organização do Movimento Democrático.
No Barreiro
No Barreiro cerca de uma centena de democratas assinou um telegrama de felicitações que enviou ontem à Junta de Salvação Nacional, cujo texto transcrevemos na íntegra:
«Noventa e sete democratas do Barreiro reunidos data histórica 25 Abril 1974 manifestando seu contentamento pelo derrube do regime que durante 48 anos nos oprimiu reclamam da Junta de Salvação Nacional sejam decretadas as seguintes medidas imediatas: 1. Libertação de todos os presos políticos e regresso exilados; 2. Fim da guerra colonial com o reconhecimento dos Movimento de Libertação e do Governo da Guiné-Bissau e regresso soldados; 3. Restabelecimento de todas as liberdades democráticas; 4. Extinção da DGS». Seguem-se as assinaturas dos democratas.
Situação perfeitamente normalizada
Em comunicado difundido às 7.30 horas de hoje o comando do Movimento das Forças Armadas informava: «estando perfeitamente normalizada a situação, a população pode retomar as suas actividades».
Velho estandarte desfila em Almada
Empunhando dísticos, demonstrativos da incondicional adesão dos manifestantes ao golpe de Estado que derrubou o regime com quase cinquenta anos de existência, milhares de pessoas vibraram de incontida emoção, gritando frases de fé e esperança nos destinos da Pátria.
À medida que a marcha prosseguia, por entre alas de populares que correspondiam com igual entusiasmo à vibração dos manifestantes, mais pessoas se juntavam ao cortejo, de forma que, ao atingir-se a Praça da Renovação centro cívico da cidade, era um autêntico mar de gente que se deslocava num entusiasmo indescritível. Naquela praça, a população, ali reunida, que se contava, também, por milhares, tomou as varandas de um imóvel de 14 andares, em construção, e dali vitoriou, desfraldando e fazendo drapejar enormes bandeiras nacionais.
À frente do cortejo, cuja ordem era mantida por elementos das Forças Armadas, seguia uma das figuras mais populares do concelho, o velho republicano José Alaiz que segurava, juntamente ,com Augusto Ramos um velho estandarte do Centro Escolar Republicano, da Rua Capitão Leitão, instituição dissolvida, após a chegada ao Poder do regime nascido do Movimento de 28 de Maio, velha bandeira que, tendo sido guardada na altura pelo republicano Firmino da Silva foi por este entregue a Augusto Ramos. Depois da morte de Firmino da Silva uma sua filha quis que o estandarte continuasse na posse de Augusto Ramos para que um dia, se ele chegasse alguma vez, voltasse a ser desfraldado. Aconteceu isso agora, e a velha insígnia da crença num ideal, percorreu as ruas do aglomerado almadense à frente dos homens, que nunca deixaram de acreditar na pureza e validade dos valores que representava.
O cortejo dissolveu-se, perto das 20 horas, na Cova da Piedade, tendo a manifestação decorrido dentro do mais profundo civismo.
Almada
1 de Maio 1974
Fotos Vitor Soeiro
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Almada 25 de Abril 2002 – >Notícias
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Almada- 25 der Abril 2003 – Notícias
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Comemorações do 25 de Abril em Almada de 1974 a 2015
